Conheça a história de vida do símbolo dessa luta
No dia 28 de junho é comemorado o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, que completa o seu 54º ano em 2023. O primeiro dia 28 foi comemorado em 1970, um ano após a Revolta de Stonewall, uma série de manifestações de gays, lésbicas, transsexuais, drag queens, negros e latinos após uma batida policial no bar Stonewall Inn, no bairro Greenwich Village, em Nova York.
O QUE FOI A REVOLTA DE STONEWALL?
Quando a sigla LGBTQIA+ ainda nem existia, do dia 28 de junho a 3 de julho de 1969, alguns policiais fizeram mais uma de suas inspeções no bar Stonewall Inn, que sempre tinha o objetivo de violentar e prender os gays, lésbicas, transsexuais e drag queens que frequentavam o lugar.
Segundo os frequentadores, a polícia entrou de maneira violenta ameaçando prender todos pela venda de bebida alcoólica — que era proibida pela State Liquor Autority (SLA) para bares gays — e pelas “vestimentas inadequadas”, injustiças que despertaram em todos, tanto quem estava dentro do bar como fora dele, a força e coragem para se rebelar contra a frequente repressão e violência. Nessa época, não ser heterossexual era crime nos Estados Unidos, e quem vestisse roupas que não eram “adequadas ao seu gênero” poderia ser preso.
Em 2015, o local recebeu um estatuto da Comissão de Preservação de Marcos da Cidade de Nova York por seu papel propulsor da luta LGBT. Um ano depois, o então presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o declarou como Monumento Nacional.
ASSIM SURGE O DIA INTERNACIONAL DO ORGULHO LGBTQIA+
A partir de 1970, a revolta foi ressignificada com o primeiro Dia Internacional do Orgulho LGBT em diversas cidades pelo mundo, mas preserva até hoje o legado da luta pelos direitos civis da população LGBTQIA+.
Uma das pessoas que participou desse momento histórico e perdura como ícone do acontecimento foi Marsha P. Johnson.
QUEM FOI MARSHA P. JOHNSON
Marsha P. Johnson foi uma ativista negra e drag queen que nasceu em 1945 e foi batizada como Malcolm Michaels Jr. Por conta de sua criação religiosa e repreensão da vizinhança por usar vestidos, saiu de casa aos 15 anos com apenas 15 dólares no bolso.
Trabalhou como garçonete por 3 anos e, ao entrar em contato com outras pessoas LGBTs, se assumiu como transsexual. Assim como em diversos países onde a discriminação e falta de oportunidades fazem parte da realidade da comunidade transsexual, para Marsha, nos Estados Unidos, não era diferente. Precisou apelar à prostituição para sobreviver e, dessa maneira, contraiu a AIDS.
Foi co-fundadora do Street Transvestites Action Revolutionaries (STAR), criada em 1970, que tinha o objetivo de acolher jovens sem-teto que eram drag queens, gays e transsexuais, alimentando suas almas e corpos nas necessidades básicas de alimentação e higiene e na afirmação de suas identidades (tudo na medida do possível).
Cerca de duas da manhã de 28 de junho de 1969, quando aconteceu a Revolta de Stonewall, diversos rumores dizem que Johnson chegou ao Stonewall Inn no auge do conflito, jogou um copo de vidro contra a janela do bar e gritou “Eu tenho os meus direitos civis!”. Assim como a maioria das revoltas e revoluções, não foram comprovadas nem essa versão e nem a que diz que ela, junto com Sylvia Rivera, sua melhor amiga drag queen e também co-fundadora da STAR, foram as primeiras a começar a atirar pedras contra os policiais.
Em 6 de julho de 1992, pouco tempo antes de comemorar 47 anos, seu corpo foi encontrado no rio Hudson e a razão da morte foi tida como suicídio ou afogamento, embora isso realmente nunca tenha sido provado ou esclarecido. O caso foi reaberto em 2012 como possível homicídio mas não foi solucionado e provavelmente jamais será, mostrando mais uma vez o descaso nada surpreendente da justiça com os marginalizados.